Há dias em que não vale a pena. Não vale! São aqueles em que o melhor seria nem sequer tirar o pijama e deixar-me estar encostada a um canto quieta e calada. E isto se me puder dar ao luxo de fazer isso, porque quando o trabalho chama... nem assim a coisa resulta.
Ontem o Bruno trabalhou e eu fiquei de ir ter com ele ao Oriente ao fim do dia, para darmos um passeio pelo Parque das Nações e para eu ir matar saudades da maravilhosa retrosaria que há no Vasco da Gama. Acabei de passar a ferro a pouca roupa que tinha, a Matilde acordou da sesta, lanchou e saímos de casa para apanhar o comboio. Até aqui tudo perfeito. Lembrei-me que ainda tinha que pôr gasolina e dirigi-me às bombas aqui ao pé de casa, que estavam todas fora de serviço. Segui caminho e parei alguns km à frente. Quando saio do carro, vejo um dos pneus completamente em baixo. Depois de meter gasolina vou até à zona da água/ar que estava também fora de serviço. Toca de andar mais uns km até à próxima bomba, para encher o pneu. Finalmente chego à estação, atrasada para apanhar o comboio. Para não ter que atravessar a linha pela ponte aérea para carregar o bilhete (faltavam poucos minutos) lembro-me que ainda devia ter uma viagem num dos cartões viva espalhados na carteira. Não estava enganada, mas sem querer validei também uma viagem para outro lado. Irritada, lá acabo por atravessar a linha até à bilheteira, na esperança de me reembolsarem o valor da viagem validada em vão. Claro que não reembolsaram coisa nenhuma. Ou seja, fiquei sem o dinheiro e perdi o comboio na mesma. Sento-me à espera, convencida que havia outro comboio em poucos minutos. Crente. Só havia passado quase uma hora. Quando ligo ao Bruno (que já estava à minha espera na estação), a coisa termina em grande: fico sem bateria, sem ter como o avisar que chegaria muito mais tarde que o combinado.
Fiquei tão danada que, a conter as lágrimas e com umas trombas até aos joelhos, peguei nas coisas e na Matilde e voltei para casa. Coisas mínimas, sem importância, mas que em determinados momentos nos fazem acreditar que o mundo inteiro conspira contra nós e tudo de mau acontece, por muito que nos esforcemos para fazer com que as coisas corram bem.
Tudo isto, para dizer que o meu irmão mais novo e afilhado me ofereceu uma orquídea no Domingo de Ramos e que o único pézinho que sobreviveu à viagem do Porto para cá está a crescer de dia para dia e não tarda nascem novas flores. E que, quando cheguei a casa, por estranho que pareça, foram os minutos que passei a olhar para ela e a apreciar como cresceu desde há uns dias, que me deixaram mais serena. Tenho descoberto o prazer que é esperar que as flores nasçam e desabrochem, a pouco e pouco. Apesar de o meu único contributo ser regar, elas lá sabem o que hão de fazer e eu fico sempre maravilhada com a perfeição com que tudo foi criado à nossa volta. Acho que tenho que aprender também a esperar por dias melhores, a ter calma e paciência, a não fazer de tudo um drama e um cavalo de batalha. As melhores coisas precisam de tempo e não surgem de um dia para o outro, não é? Não sei se assim escrito faz algum sentido, mas ontem, para mim, fez.
Ontem o Bruno trabalhou e eu fiquei de ir ter com ele ao Oriente ao fim do dia, para darmos um passeio pelo Parque das Nações e para eu ir matar saudades da maravilhosa retrosaria que há no Vasco da Gama. Acabei de passar a ferro a pouca roupa que tinha, a Matilde acordou da sesta, lanchou e saímos de casa para apanhar o comboio. Até aqui tudo perfeito. Lembrei-me que ainda tinha que pôr gasolina e dirigi-me às bombas aqui ao pé de casa, que estavam todas fora de serviço. Segui caminho e parei alguns km à frente. Quando saio do carro, vejo um dos pneus completamente em baixo. Depois de meter gasolina vou até à zona da água/ar que estava também fora de serviço. Toca de andar mais uns km até à próxima bomba, para encher o pneu. Finalmente chego à estação, atrasada para apanhar o comboio. Para não ter que atravessar a linha pela ponte aérea para carregar o bilhete (faltavam poucos minutos) lembro-me que ainda devia ter uma viagem num dos cartões viva espalhados na carteira. Não estava enganada, mas sem querer validei também uma viagem para outro lado. Irritada, lá acabo por atravessar a linha até à bilheteira, na esperança de me reembolsarem o valor da viagem validada em vão. Claro que não reembolsaram coisa nenhuma. Ou seja, fiquei sem o dinheiro e perdi o comboio na mesma. Sento-me à espera, convencida que havia outro comboio em poucos minutos. Crente. Só havia passado quase uma hora. Quando ligo ao Bruno (que já estava à minha espera na estação), a coisa termina em grande: fico sem bateria, sem ter como o avisar que chegaria muito mais tarde que o combinado.
Fiquei tão danada que, a conter as lágrimas e com umas trombas até aos joelhos, peguei nas coisas e na Matilde e voltei para casa. Coisas mínimas, sem importância, mas que em determinados momentos nos fazem acreditar que o mundo inteiro conspira contra nós e tudo de mau acontece, por muito que nos esforcemos para fazer com que as coisas corram bem.
Tudo isto, para dizer que o meu irmão mais novo e afilhado me ofereceu uma orquídea no Domingo de Ramos e que o único pézinho que sobreviveu à viagem do Porto para cá está a crescer de dia para dia e não tarda nascem novas flores. E que, quando cheguei a casa, por estranho que pareça, foram os minutos que passei a olhar para ela e a apreciar como cresceu desde há uns dias, que me deixaram mais serena. Tenho descoberto o prazer que é esperar que as flores nasçam e desabrochem, a pouco e pouco. Apesar de o meu único contributo ser regar, elas lá sabem o que hão de fazer e eu fico sempre maravilhada com a perfeição com que tudo foi criado à nossa volta. Acho que tenho que aprender também a esperar por dias melhores, a ter calma e paciência, a não fazer de tudo um drama e um cavalo de batalha. As melhores coisas precisam de tempo e não surgem de um dia para o outro, não é? Não sei se assim escrito faz algum sentido, mas ontem, para mim, fez.
Do lado esquerdo também tinha um pézinho a nascer, que se partiu na viagem de comboio :( |
Os quatro botões sobreviventes, que a Matilde achou-lhes piada e tratou de arrancar o que falta ali (vá lá, não o comeu!). |
A flor que está a nascer do lado direito ainda há coisa de uma semana era só uma bolinha como as da fotografia anterior. |
13 feelings:
Sim, faz todo o sentido!
que linda flor! ;)
Esses dias são um teste à nossa saúde mental e emocional. Mas já passou. :)
Gosto dessas flores! Mas sou péssima a tomar conta de flores... contento-me com plantas, por enquanto! :P
Compreendo-te bem...hoje demorei-me a observar um botão de cravo que tenho ali a abrir e acho que foram dos melhores momentos do dia até agora ;)
Que dia azarado, que desespero.
A flor está linda.
Beijocas
Pffff! Infelizmente há dias desses .. nem vale a pena pensar nos porquês, e enquanto forem só coisas assim, olha mal o menos, mas que nos arrasa o dia lá isso arrasa.
Ohh pah tens de me dizer como é que consegues que as tuas flores estejam sempre tão bonitas, cá em casa nada dura ..
beijinho
Nem imaginas como compreendo e me identifico. *
Pois é, eu resolvi fechar o meu quando soube que no hospital onde trabalho toda a gente sabia da minha vida. Como tinhaa o blog aberto, não valorizei, mas perguntei a algumas pessoas quem é que tinha descoberto e passado a palavra e até hoje nunca ninguém me disse e fazem disso um grande segredo.
Ora como eu acho que se acham que não se pode contar, é porque há maldade à mistura, fecehi portas e pronto.
Acabou-se a mama.
Beijocas
Faz todo o sentido. Todo.
adoro orquideas:)
Óptimo texto.
A propósito, a orquídea é linda. Eu também tenho ali uma e olho todos os dias esperando pelo rebento...
Beijinho
Eu compreendo-te na perfeição... há dias que penso exactamente assim. E por vezes o que me acalma ( por irónico que pareça ) é um café, sentada quieta, a apreciar a Natureza (coisa que não falta por aqui)mesmo que seja no quintal cá de casa.
Claro que se for à beira do rio sabe-me ainda melhor!
Tem calma que dias melhores virão, é o que reptito para mim mesma 10x por dia.
Um beijinho
:) identifico-me muito com o que escreveste.
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