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10 de março de 2011

Hoje é o Dia Mundial do Rim.

Para muitos este é apenas o órgão que produz o nosso "chichi"... mas poucos saberão que este órgão é um dos orgãos mais fascinantes que temos. É responsável por regular um sem número de funções no nosso organismo e, por isso, quando falha, é o caos. Felizmente, temos dois o que, em alguns casos, nos dá uma segurança extra. Mas há doenças que, quando se manifestam, afectam ambos os rins que, eventualmente, deixam de funcionar e temos que recorrer à hemodiálise. Este processo, que muitos já terão ouvido falar, consiste em "filtrar" o nosso sangue, através de uma máquina à qual permanecemos ligados durante algumas horas. É um processo complexo, que implica muitos muitos cuidados, sobretudo ao nível da alimentação. Porque, por exemplo, se alguém com insuficiência renal comer um prato de feijão ou 2-3 bananinhas e não for ligado à máquina nas horas seguintes, pode morrer num instantinho. Essas pessoas têm que fazer hemodiálise no mínimo 3x por semana, por isso dá para imaginar o quão complicadas ficam as suas vidas, para não falar do desgaste que este tratamento provoca.

A minha avó, a minha mãe, eu e o meu irmão (entre outros familiares próximos), sofremos de uma doença que se chama Doença Renal Policística Autossómica Dominante. Significa que os nossos rins têm muitos quistos, que aumentam em número e em tamanho ao longo do tempo (mais ou menos assim) até que chega um dia em que eles simplesmente deixam de funcionar. A palavra "dominante" significa que a probabilidade de a Matilde também ter esta doença é de 50%. Porque basta eu ter passado para ela um "gene mau" para a doença se manifestar, ao contrário das doenças chamadas "recessivas", que só se manifestam quando vem um "gene mau" da mãe e outro do pai.

Neste momento, os meus rins estão mais ou menos assim. Um dia, eu vou estar ligada a uma dessas máquinas. E vou sofrer com todas as dificuldades e limitações que isso implica, enquanto aguardo um possível transplante renal que poderá nunca chegar ou demorar anos. Na maior parte dos dias vivo sem pensar muito em tudo isto mas em dias como hoje, fica difícil. Escrevo  com as lágrimas a teimarem em aparecer e a repetir para mim mesma que ainda tenho muito pela frente. No entanto, é sempre difícil quando sabemos o que a vida nos reserva. Já dizia Thomas Grace: "Quando a ignorância é felicidade, é loucura ser sábio". Tinha razão.

11 feelings:

Dulce disse...

Tem ânimo, Débora. Um beijinho.



christina disse...

Força! Tenho uma prima que me é muito próxima cujos rins pararam de crescer em criança. Tem 23 anos e já teve dois transplantes - o último dos quais da mãe - e anos em hemodiálise, com complicações variadas como um aumento exagerado de peso, convulsões, enfim. Sei por que passa.
Curiosidade: que efeito têm os feijões e a banana na função renal?



martaoliveira82 disse...

Vivemos sob a graça de Deus. E esta te basta! Beijinho :)



Cilocas Mîrza disse...

Força Querida! O Senhor é a nossa força e Ele tem-te e tem-vos carregado ao colo. Oro por ti! Com carinho ;)



Vera disse...

As tuas amigas estão aqui sempre que precisares, para os momentos felizes e para os menos felizes!
Adoro-te ;)



Débora disse...

Obrigada pelo carinho... :)

Christina, a banana e o feijão são exemplos de alimentos muito ricos em potássio que, se os rins não estiverem a funcionar, se acumula no organismo e, em grandes quantidades, pode causar a morte. Por isso, estes alimentos estão "proibidos" na alimentação dos insuficientes renais.

Na faculdade, uma professora contava uma história de uma senhora (ou senhor, não me recordo bem) que comeu uma pratada de feijão-frade antes de sair de casa para o tratamento (às vezes os pacientes guardam os "desejos" para os dias de diálise) e depois houve um problema qualquer no trânsito que a impediu de chegar a tempo à diálise e faleceu.



Flávia Leitão disse...

Gostei muito da frase: "Quando a ignorância é felicidade, é loucura ser sábio"!
Eu tenho uma doença crónica auto-imune intestinal! E sei que o Gus tem probabilidades de vir a ter, por isso eu tento que ele tenha uma educação alimentar que o acompanhe pela vida!
São os pequenos nadas do dia-a-dia que contam! Ama todos os dias a ti, e aos que te são queridos e a saúde acompanhar-te-á sempre!
Ser feliz, e ter amor é o melhor remédio!!!



flor disse...

Não é fácil quando a saúde não está do nosso lado :( muita força... beijinhos



Raquel Úria disse...

Nem consigo imaginar a sensação, Débora. Não imaginas a admiração que tenho por quem aprende a viver serenamente com essas inevitabilidades, por menos simpáticas que sejam. Sou uma medrosa das que evitam os médicos e todas as consultas e exames porque preferem não saber de nada. Mas acredito que ter um filho nos muna de outras armas e obrigue a ser fortes. Quando ficares ansiosa com o futuro, lembra-te que há um Pai (que conhece todas as coisas) a cuidar de ti. Um beijinho. Cada preocupação a seu tempo.



Débora disse...

Flávia, doença de Chron? Calculo que não seja fácil... :(

Raquel, eu acho que é uma defesa, esta capacidade de esquecer, na maior parte dos dias. Porque se eu pensasse nisto a toda a hora, seria uma vida muito infeliz. Mesmo assim, há alturas em que faço planos a longo prazo e me ocorre "para quê? se chego aos 40-45 anos e não vou poder desempenhar a minha profissão em condições? ter uma vida normal até aos 60?" Mas são momentos raros e ainda bem.

Felizmente, ninguém aqui me disse algo como "não te preocupes, até lá a medicina evoluiu muito" porque sabemos que a medicina não evolui como gostaríamos. Só se descobriu a doença na minha família já a minha mãe tinha a minha idade e a minha bisavó morreu da doença sem se saber o que era. Aliás, arrancaram-lhe os dentes todos, por acharem que o problema seria de algum dente...

Mas enfim. Embora a minha Bíblia permaneça fechada há alguns anos, há passagens que não saem da memória: "Não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã trará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal."

Beijinhos*



Sara CS disse...

Deus contigo, Débora! Um dia de cada vez.
Beijinho.



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