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7 de julho de 2011

...

Estas férias voltei a ler. Há alguns anos que não lia um livro do princípio ao fim e já tinha saudades. Em casa da minha mãe encontrei um livro da Danielle Steel já com alguns anos e, ao ler algumas páginas, prendeu-me a atenção. Já não me lembrava o que era começar a ler um livro e não conseguir parar enquanto não chegasse ao final. O livro era bastante forte, sobretudo nos primeiros capítulos e retratava a vida de uma menina pequena, que foi brutalmente espancada pela mãe, ao longo dos seus primeiros 9 anos de vida, até o pai fugir com outra mulher e a mãe a abandonar num convento, para casar com outro homem. Por esta altura, todas as suas costelas já tinham sido partidas mais que uma vez e estava quase surda de um ouvido, devido a uma das pancadas. Já tinha ido parar várias vezes ao Hospital, mas a causa era sempre algum "acidente", como a queda de umas escadas. A mãe dizia que era para a disciplinar e, caso não tivesse sido abandonada, muito provavelmente teria acabado por morrer numa das tareias.


Enquanto lia os relatos dos espancamentos, com uma filha pequena, eu só pensava "Como é que alguém pode ser capaz de bater e pontapear alguém daquela forma? Quanto mais uma criança que não sabe nem pode defender-se? Como é que alguém é capaz de acordar uma criança a meio da noite e fazer dela um saco de pancada, só porque o dia correu mal ou discutiu com o marido?"
Por várias vezes tive que parar de ler para me distrair, mas o facto de saber que isto acontece todos os dias a tantas crianças que não têm ninguém que as proteja... aperta-me o coração.

15 de dezembro de 2010

Vizinhança.

Moramos no 3º de um prédio com 12 andares. Vivem cá portugueses, na sua maioria, e há 3 ou 4 apartamentos que estão alugados. Acontece que a nossa varanda da sala dá para o terraço das traseiras do vizinho do 2º andar, que por sua vez da para o terraço (ainda maior) do vizinho do 1º. Como o vizinho do 2º cobriu o terraço dele, logo abaixo da nossa varanda temos um telhado de chapa. Eu, que toda a vida vivi em apartamentos, tenho um enorme respeito pelos vizinhos, sobretudo no que toca a mandar coisas lá para os pisos de baixo, seja sacudir toalhas ou tapetes, seja beatas dos cigarros, por exemplo. Os nossos amigos que fumam sabem que o fazem na varanda mas que as beatas são para pôr no caixote do lixo. Mas há pessoas que não têm noção!!!! Acho que, não sei, só sabem viver na badalhoquice... Desde que começamos as obras cá em casa, que eu tinha reparado que o telhado estava cheio de cotonetes usadas. Tudo mais ou menos bem, até entrar na varanda para ir estender roupa e dar com uma cotonete no chão, toda nojenta. Ai. Fiquei logo possuída, com vontade de ir tocar às campaínhas todas, a perguntar pelo/a porcalhão/ona que não tinha caixote do lixo em casa. Aguentei e escrevi um recado que coloquei no placar da entrada do prédio a pedir cordialmente que colocassem as cotonetes usadas no lixo e não as mandassem pela janela fora (bom, na verdade primeiro escrevi um menos cordial, assim mais pró insultuoso, mas depois reformulei). Passou.


Há dias fui à varanda e agora o telhado está cheio de... adivinhem... lenços de papel sujos!!! Fiquei super-irritada, mas aguentei, até ontem. Não é que agora há lenços dentro da minha varanda?? Não sei o que fazer, só me apetece apanhá-los todos e ir pô-los à porta do vizinho que suponho que seja. Alguma sugestão? Como lidavam vocês com uma situação destas? Outro recado no placar? Para fazerem ainda pior? Reunião do condomínio? Se é quem eu penso que seja, a casa é alugada e o dono nem cá põe os pés...

Enfim.

19 de abril de 2010

As (tristes) novas famílias.

Sou filha de pais separados e o Bruno também. Tenho um irmão menor que vive com a minha mãe e passa um fim-de-semana no meu pai de 15 em 15 dias. Os Natais e as passagens de ano são alternados. O mesmo para a Páscoa e aniversários. E mais 1001 coisas, tudo escrito num acordo que nem sempre é lido e/ou cumprido.
A Matilde tem os 2 avôs e as 2 avós, um em cada lado. E se alternarmos as festas para podermos estar um ano em casa de cada um, só poderemos estar com cada um deles de 4 em 4 anos. E se vou ao Porto, tenho de organizar muito bem o meu tempo, estabelecer prioridades e tentar agradar a gregos e troianos. E quando há zangas e problemas, um liga de um lado, outro liga do outro. Porque ela é que tem culpa, porque ele é que fez assim e assado. E tenho que tentar ver o lado da razão o que implica que um deles vai ficar chateado. Porque quando acabei o curso a minha mãe não foi almoçar comigo para não se verem. Porque quando a Matilde nasceu, ainda eu estava na maternidade e queriam que eu decidisse quem iria ter em casa para me visitar. Porque não se queriam cruzar. Como se eu tivesse alguma coisa a ver com isso, ou paciência para resolver o assunto. Que se entendam e não me chateiem, é o que me apetece dizer. E pergunto-me como será em festas futuras. Os "adultos" são piores que as crianças.

Isto é tudo uma grande trapalhada. E não me venham dizer que as crianças entendem, que para eles é tudo normal, que estão mais que habituados. Se a mim me faz confusão, se me custam certas situações, se sofro em certos momentos... numa criança tudo isto deve ser a dobrar ou triplicar. E sabe Deus as vezes que eu já chorei por saber que o meu irmão não teve nem vai ter metade do que eu tive. E que não presenciou os momentos de felicidade que eu presenciei. E que nunca vai olhar para os dois juntos e felizes com admiração e acreditar (como eu acreditava) que os pais se amam a sério e que são os mais felizes do mundo e arredores.
Aquilo que eu mais desejo para a minha vida não tem a ver com realização profissional ou com o ter uma grande moradia ao pé da praia, com piscina e uns 10 empregados. Não tem a ver com roupas caras, sapatos xpto e maquilhagem. Nem tampouco com viagens pelo mundo fora, sem ter nada que me prenda a casa. O sonho que eu mais gostava de realizar, era o velho cliché: os dois velhinhos (ainda felizes, ainda apaixonados), lado a lado, a ver o pôr-do-sol com um rancho de filhos, netos e bisnetos. O que eu menos quero é que a Matilde cresça com o coração dividido, e viva como se fosse uma bolinha de ping-pong. Não sei se é o que vai acontecer e sei que é o que quase todos sonham e muito poucos realizam. Mas acredito que pode ser possível, se se quiser com muita, muita força.

26 de maio de 2009

Ironias.

"90 pessoas infectadas com a gripe Suína e toda a gente quer usar uma máscara.

33 milhões de pessoas infectadas com HIV e ninguém quer usar um preservativo."

É bem.

7 de abril de 2009

Ligam-me de outro centro de saúde para marcar uma consulta.

A conversa foi mais ou menos isto:

"- Boa tarde! Olhe, tenho aqui uma menina que tem algum peso a mais... queria marcar consulta, pode ser? É que ela só come o que quer e não pode ser assim e ela precisa de ouvir que não pode comer certas coisas (...).
- Então e que idade tem a menina?
- Tem quatro.
- ...
"

Era só eu que com 4 (quatro) anos fazia o que me deixavam e/ou mandavam e não piava? Eu até me lembro de já ser grande e de ter de pedir para abrir um pacote de bolachas!

3 de fevereiro de 2009

Desabafo

Parte do meu estágio no Centro de Saúde incluiu consultas de Obesidade Infantil. Ontem, enquanto calculava IMC's e marcava os pontinhos na tabela dos percentis, percebi que por pouco não teria escala de IMC suficiente para marcar uma das meninas.

Tem 9 anos, 1,48m e pesa 77kg, ou seja, um IMC de 35,2kg/m².

Para dar uma ideia, se ela fosse adulta, o seu IMC já corresponderia a uma Obesidade Grau II (há Grau I, II e III). Mas ela não é adulta... é uma menina de 9 anos. Para estar pelo menos no percentil 85 (que é o limite entre o peso normal e o excesso de peso), teria de ter um IMC de 19, o que para a altura dela, significaria ter menos 35kg.

A culpa não é dela. É dos familiares que deixaram as coisas chegassem a este ponto... e angustia-me saber que não tenho uma varinha mágica que a possa ajudar. Está cheia de vontade de perder peso e na última consulta já tinha menos 2kg, mas infelizmente ainda tem um longo caminho a percorrer... :(

29 de janeiro de 2009

Crónica do último dia de consultas.

A propósito da cirurgia bariátrica (balões, bandas e afins)... hoje sinto-me revoltada com a burrice de algumas pessoas.

Vi hoje pela segunda vez uma doente que está em avaliação para a cirurgia. Tem 34 anos (tão nova!), tem actualmente cerca de 130Kg e tem vindo a perder bastante peso, entusiasmadíssima com a perspectiva de ser operada. Na sala de espera, em conversa com outras doentes, uma delas saiu-se com um:

"Eu já ando nisto há um ano! No início também perdi algum peso... mas agora acha que me privo de comer?! Nem pensar! Que eles depois vêem que a gente perde peso com as dietas e já não nos querem operar! Olhe, se eu fosse a si parava de emagrecer!"

HAM??? Juro que me apeteceu chorar!

A avaliação é feita por uma equipa multidisciplinar que inclui Endocrinologia, Nutrição e Psicologia. O doente é avaliado no todo, de modo a perceber se adere à terapêutica, se é capaz de cumprir uma dieta, se está em condições a nível físico e psicológico para ser submetido a uma cirurgia deste tipo. Para além de tudo isto, enquanto o doente está em avaliação, se houver perda de peso diminui-se o risco da cirurgia porque, entre outros motivos, é necessária uma menor anestesia. Porque é uma cirurgia! Há pessoas que morrem! E é isso que as pessoas nao metem na cabeça. Será que a ignorância é assim tanta que não conseguem perceber que só estamos ali a fazer o que é melhor para elas? Era muito mais prático fechar os gabinetes das consultas e abrir mais uns quantos blocos operatórios! Era sempre a andar!...

A minha vontade era ir ter com a senhora que disse isto e dizer-lhe: "Olhe, por isso é que a senhora já anda aqui há 1 ano!" Quem está deste lado não está a dormir... e embora às vezes nos enganemos, dá para perceber bastante bem quando é que uma cirurgia é a solução e quando não é... Para quê enviar um doente assim? Para aparecer passado um mês com a banda deslocada porque continua a comer como antes? Para ser operado outra vez para a retirar? Para aparecer de ambulância, quase a morrer, porque há dois meses que só vomita? Quando é que a banda vai deixar de ser "mágica"? Há pessoas que continuam a engordar com a banda... e depois vêm dizer que "tou muito desiludida, a banda a mim não me fez nada" HELLOOOOOOO!