Este aniversário não foi de certeza o mais feliz da minha vida. Faltou-me ter o coração descansado e em paz. A minha mãe foi internada este Domingo à noite porque chegou o aguardado fígado para que pudesse ser transplantada. A cirurgia decorreu durante o dia de 2ª feira e segundo os médicos correu bem. No entanto, à noite as coisas complicaram e teve de voltar ao bloco. Neste momento está estável mas ainda se encontra em coma induzido. Hoje foi mais uma vez para o bloco, mas para procedimentos normais e, se tudo correr bem, não volta lá. Amanhã talvez a acordem, resta saber como vai reagir. Eu, por motivos profissionais e porque sei que lá não posso fazer muito mais, continuo aqui, mas o meu coração está longe, mais ou menos a 300km. Hoje foi o primeiro ano da minha vida em que não recebi parabéns e miminhos da minha mãe. Espero que o último, por muitos anos, pelo menos.
Para ajudar, a Matilde tem estado bastante doente. Tem tido febre e muitas noites mal dormidas. Há duas noites teve 40ºC, de maneira que ontem fui com ela para o Hospital de Vila Franca, onde lhe diagnosticaram uma otite. O mal de ter uma filha simpática e bem-disposta é que todos os médicos dizem - passo a citar - "de certeza que, com esta carinha, ela não está doente". E, mesmo depois de eu dizer que ela é sempre assim, acrescentam "não, quando estão doentes nunca têm este aspecto". Pois bem, afinal têm.
Foi um aniversário calmo, a três. Fomos aos pastéis de Belém, passeámos pelos jardins do CCB e depois fomos jantar fora. Hoje não me cantaram os parabéns e não soprei 25 velas, mas continuo a ter mais um aninho em cima. Venha o próximo, tão feliz como este último - não peço mais - mas com a minha mãe ao meu lado.